17/09/2008

27/03/2008



Minha rima tua

você se revela palavra
quando o silêncio é ouro
se arrisca descobre tesouro
e a poesia
como fica fria

ah

minha rima pobre
quero mais é tua rima rica
Você se caça palavra
passa no cobre
lavra do silêncio
um verso nobre

Cláudia Gonçalves e Renato Gusmão

26/03/2008



Fluxus

não fosse
esta sombra
um céu
de espelhos

engolida
por rochas
escurecidas
pelo sol

não fosse
o silêncio
um passo
estridente

perdido
entre dentes
fisgado
pelo anzol

estaria pleno
plexo
trilhando
pelos tetos

sem a frieza
do rastro

Cláudia Gonçalves & Bruno Candéas


Desejo em pedra

a estátua
da Liberdade
parece ter olhos
fechados

redentor
braços abertos
infelicidade
da mulher de Ló

ao desejar
o que ficou
em sal
se transfomou

o mar
ainda hoje
me faz
lembrar
suas lágrimas

Cláudia Gonçalves & Marisa Vieira


Lua no Breu

A lua quando nasce
é um cisco
Semente...serenata
Flutuando ao léu

De corpo crescente
ou minguante
Uma nau brincante no céu
Que navega e reluz
Entre as estrelas
Entalhes de prata

Luz que silencia no alto
Um enigma que a todos conduz

Caminhemos tu e eu
Em alento júbilo de peregrino
Pela clara beleza da noite
Enquanto a lua agora plena
Vai desafiando o breu

Cláudia Gonçalves & Ricardo Reis


Vivacidade

Vi teus olhos
no espelho do mar
como raio de sol
rasgando horizontes

mesmo distantes
incendiavam
tragando do escuro
um poema errante

Os olhos são mar
espelho do que é teu
rasgam instante
distante qual sol

queimando
o que nos tange
e a quem leia
este poema
inflame

Cláudia Gonçalves e Luiz Prôa




Adversa

lua cheia
encheu-se
de mágoa
não quer mais
brilhar...

jogou-se no mar
não queria
ser pedra
no jogo de amar

e no balanço
das ondas
afogou
só as mágoas

saindo das águas
voltou a reinar

Cláudia Gonçalves & Lu Oliveira

Luz do mar

a madrugada recolhe os meus pecados
como um corvo
covarde
bêbado
(pela esquina que me esqueceu)

e entre você e eu
como uma bailarina
de dimensões sentimentais
o dia com seus quintais
falece

uma torre um vendaval de mãos
paraíso de nós
enseada de calma e ventania
tua boca como um lago largo
que rouba silêncios e lençois

um coração de vales
cachoeiras
e estilhaços de nós

vela de um barco
como leme da minha bandeira
e de tuas mãos
que me abrigam

Cláudia Gonçalves e Carlos Gurgel

15/03/2008



Utopia

não é nada
é só poeira de sonho
de uma noite de outono

até esqueci
e deitei no vácuo
que ocupou meus ais

é só uma miragem
Pintando a face
de um amor distraído
que tropeçou no silêncio
e amanheceu você.

Cláudia Gonçalves

a face pintada
de distraídas miragens,
as manhãs
tropeçando em silêncios,

acordou a noite de outono,
não, não era nada,
só amanhecia,
e na poeira do esquecimento,
você partia.

Tonho França

parLamento

uma mão
lavra outra
palavra
nunca em vão

uma mão
livra outra
palavra
luva
e mão

uma mão
leva a outra
palavra
nunca é não

uma mão
louva outra
palavra
lava então

Cláudia Gonçalves & Rodrigo Mebs

Oásis


a lua que sonhei
na vastidão
era fogo iluminando
a planície solidão

muito ao longe
trazia a memória do tempo
impressa no cosmo

te encontrei
sob esta luz,
prata - candeeiro.

Cláudia Gonçalves e Jiddu

03/03/2008



Círculo morto

Éramos círculo morto
velas trancadas no peito
corpos gêmeos em cortejo
demarcando o circo do todo
fecharam-se às cortinas
grafadas de intensa busca
da solidão túnel da boca
afundada em fumaça garganta
vinham acordes
de terra umedecida
num chão de dor arterial
dos anos e anos
da vida entalhada a frio
éramos nós quando
tudo era ausência
e no centro da essência
destilou o aroma presente
mas com um passo a frente
estávamos a dois
perdidos nos descaminhos

Cláudia Gonçalves e Marko Andrade